quinta-feira, 12 de agosto de 2010

HOJE

Hoje quero ser apenas poeta. Daqueles que poetizam sobre tudo, mas, principalmente sobre o amor. O amor que a humanidade tenta entender e não consegue. Como bem disse o poeta: "O amor é uma arte que nunca se sabe e sempre se aprende."

Hoje quero ser apenas poeta. Um poeta que saiba o que falar, para poder falar de tudo um pouco.

Penetrar surdamente no reino das palavras, onde Drummond encontrava os poemas que esperam para serem escritos.

Hoje não quero ser mais um na multidão. "Não quero ser o poeta de um mundo caduco..." Quero ser um homem de fé. Um poeta chamado José, que em meio ao caos, permaneça de pé. Um homem que saiba o que quer, que ama e é amado por seu filho e mulher.

Hoje quero apenas uma poesia que me faça companhia, até que eu possa enfim entender tudo o que não entendo, e viver a vida escrevendo as palavras que no silêncio do meu ser repousam, até que um dia já não hajam mais palavras para dizer, somente a frialdade inorgânica da terra.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Eu sou brasileiro, com muito... com muito o quê?





Hoje acordei pensando sobre quantas razões temos para bater no peito e cantar o hino nacional? Sobre quantos motivos temos para  gritar bem alto que somos brasileiros com muito orgulho, com muito amor?

Conheço vários jovens e adolescentes, cujas atitudes, pra mim, são um exemplo de como a nossa nação não nos dá motivo pra sermos patriota. O maior desejo deles é ir para fora do Brasil, pois acreditam que tudo o que é bom mesmo vem lá de fora. O pensamento em comum é: “Pra que se empenhar por um país que não nos oferece motivos para amá-lo!”. Eles estudam mas não acreditam  na educação; os bandidos se transformam em heróis, porque a polícia na verdade é do time do mal; político é tudo ladrão no submundo do Palácio Central e o Brasil é só um país subdesenvolvido de terceiro mundo.

Esse não é uma atitude isolada. A nossa juventude está sem esperança no futuro do Brasil. Os “caras pintadas” se transformaram em “caras fechadas”.

Percebi então que não precisamos sair de casa para sentirmos o fedor que exala da corrupção em que o nosso país está mergulhado, mostrando o seu estado de putrefação. O governo tenta tampar o sol com a peneira do futebol e do samba, mas deixa claro o paraíso em que o Brasil (um país de todos!)se tornou para àqueles que desejam dinheiro fácil. A política e as leis são compradas por altas somas de dólares. Escândalo após escândalo humilham a nossa nação, amorais inescrupulosos viciados pelo poder nos governam através de um governo de puro clientelismo ordinário na rotina de destemperos da nossa nação.

Que motivos temos para nos orgulharmos desse Brasil? Sua história é toda inventada, e continua sendo manipulada. Precisamos de um novo grito de independência.

Como criticar jovens que crescem vendo seu país afundar na politicagem, onde seus maiores exemplos são os governantes corruptos; os jogadores de futebol que saem do país em busca de uma vida melhor; as mulheres sem pudor, totalmente nuas, nas revistas, televisão e calçadões da cidade; professores, médicos, advogados, policiais, políticos e toda sorte de profissionais que deveriam cuidar do povo, abusando de nossas crianças; as drogas, a violência, a discriminação racial e social. Diga-me que razões temos para cantar o hino nacional? A ordem e o progresso são só poesia. Um futuro melhor para o povo brasileiro ainda não deixou de ser utopia.

Hoje eu não tenho motivo para entoar o hino nacional, pois me sinto um filho abandonado pela amada mãe gentil. Brasileiro sim, mas de orgulho ferido por uma pátria que só tem me feito sentir vergonha.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O TEMPO, A MORTE E A VIDA

Hoje quando acordei percebi que o mundo estava diferente de ontem, do tempo da minha infância. O passado ficou para trás. Eu não sou mais o mesmo, as pessoas também não são mais as mesmas, muitas até já se foram. Às vezes dá saudade dos tempos antigos, da fase da inocência. Mas o que preocupa mesmo são os tempos que virão. Se pudéssemos imaginar como seria o futuro descobriríamos que ele nunca chega e que quando nos damos conta ele já passou, e foi tão rápido que não deu tempo nem de vê-lo. Ainda bem! Talvez, se pudéssemos ver ao menos a silhueta dos tempos vindouros o desastre poderia ser maior, pois descobriríamos que o futuro não é como imaginamos. Nunca se sabe o que vai acontecer adiante, pois o mundo não para de girar e o relógio prossegue afoitamente em seu trabalho sem cessar, empurrando os ponteiros que atiram para todos os lados, como setas, nos atingindo com os mistérios do amanhã, enquanto achamos que aprisionamos o tempo em calendários, programando a vida, pré-estabelecendo a rotina, sem saber se o dia de amanhã virá. Será que estamos virando robôs ou não estamos bem programados?

Durante a noite sonhei com a morte, pensei na vida e descobri que ninguém está livre de se encontrar com o seu medo. Descobri que o homem não tem medo da morte, mas do que virá depois dela. O medo do desconhecido torna a vida uma grande produtora de adrenalina que nos arrebata aos pensamentos mais secretos sobre o outro lado da vida e nos torna conscientes de que a fatalidade mora ao lado da prudência e a morte nada mais é do que o embrião da vida, pois quando morremos é que nascemos, e quando nascemos da morte é que vivemos. Mas existe uma condição para que seja assim e ao menos que ela seja desrespeitada, então a morte pode se tornar um monstro intransponível que, mais do que assustar, pode possuir a vida e torná-la extinta por toda a eternidade.

Tentamos dominar o tempo e esquecemos que ele está prestes a ter um fim. Enjaulamos nosso medo da morte no recôndito de nosso ser tentando exonerar a incerteza do que virá com uma fé que muitas vezes não é suficiente para nos trazer a certeza sobre o amanhã e a vida, e esquecemos que no porão de nossa alma existe um monstro maior ainda, que somos nós mesmos. O nosso eu que quer pecar e se satisfazer dos desejos mais repugnantes que se possa desejar, se contrapondo a santidade e a justiça que ainda pode envolver o ser humano. É esse monstro que percebe o tempo acabando e se lança como um animal selvagem sobre o monturo da irracionalidade humana e se alimenta do opróbrio do ser mais importante da criação. Porque somos assim?

A vida é apenas uma experiência que serve para nos moldar a um padrão inexistente nesse mundo. Muitos tentaram com vãs filosofias, dogmas e doutrinas, teorias, misticismo e muitas outras formas, padronizar a vida que nem mesmo eles entendiam. Criaram regras, estabeleceram hierarquias, desrespeitaram o sagrado e mataram uns aos outros, fizeram terrorismo na tentativa de manipular a vida que desconheciam. Não adianta tentar entender, é preciso viver, e viver cada dia como se fosse o único, na busca de compreender a si mesmo, em seu verdadeiro conceito, na plenitude de sua intensidade. A vida está dentro de cada um e nada mais é do que a liberdade da alma de poder, em sua verdadeira essência, experimentar emoções latentes em si mesma.

O mundo quer controlar a vida, a morte quer seu fim e a vida quer somente ser vivida. Ontem eu dormi mais novo e amanheci mais velho. O espelho não me deixa enganado. A agitação da rotina me convence disso e o tempo apenas passa e me leva com ele, como um prisioneiro, acorrentado a ele com passagem só de ida, rumo ao encontro da bendita morte, o fim da gestação de um ser e o início de uma “desconhecida” vida, de um novo indivíduo. Já não penso nas coisas de menino, nem vivo como um. Minha semente já está plantada nessa terra e dará continuidade a vida, a essa vida que eu quero entender... e morrer... e finalmente viver, sem o monstro da morte me perseguindo, sem as incertezas do amanhã.

A vida que foge de nossas mãos é a mesma que nos conduz como cativos do tempo que passou, que vivemos e do tempo que virá. O tempo que queremos controlar é o mesmo que corrói nossa existência, deteriorando o vigor, corrompendo a saúde, e que nos arremessa nos braços da morte. E a morte?! Ah! A morte nada mais é do que a libertação. Deixamos de ser homens empalhados, almas sem feitio, mentes com falhas para enfim gozar da plenitude da existência em sua totalidade, experimentando de forma definitiva a integralidade do ser.

Contudo sem interferir no tempo individual, cada um precisa viver seu próprio tempo, pois basta à cada dia o seu próprio mal, deixando nas mãos do Criador o poder de decidir a hora do nascimento para a eternidade ou a morte definitiva de cada indivíduo, sabendo que isso é o resultado de uma escolha feita nessa vida, a de se permitir então ser controlado somente pelo dono do tempo, da morte e da vida. Mas quando foi que ajoelhamos? Quando foi que chamamos Deus de pai? Na verdade, não somos bons filhos!